Aconteceu meio que sem querer.
Não, vamos lá. Eu queria. Mas até certo ponto.
Que as redes sociais são um vício que ninguém mais quer ter mas tem acho que é uma verdade óbvia. Tentando me manter menos tempo possível nelas, especialmente as da Meta onde não só acesso mas também crio meus textos e divulgo minha arte, eu decidi que ia frequentá-las mas não quando estivesse na rua – vivendo – ou com amigos – vivendo – ou no transporte – me deslocando, então tirei os aplicativos do telefone e decidi que só usaria em casa pra passar o tempo.
Fiquei alguns dias nessa numa boa. Em casa eu me entupia de rede social enquanto na rua eu era um alien. Enquanto todos estavam vendo vídeos verticais no transporte e em todos os lugares eu estava observando a vida o meu redor. Beleza.
Como eu sou “criador de conteúdo” especialmente no facebbok onde escrevo e interajo com meus iguais, eu tenho dupla ativação de login para proteger qualquer ameaça externa que possa invadir minhas contas. Mas no laptop em casa, bastava eu entrar em que serviço da Meta que já estava logado. Até que eu ativei a extensão de eliminar cookies no meu navegador Firefox. Sim, eu uso firefox (e linux). Pronto. Apartir daí meu login foi pedido pra entrar nas redes. E lá fui eu inocentemente entrar com login. Me pediram pra confirmar minhaentrada no celular. Xi, deu ruim. Como que eu ia acessar do celular se eu tinha tirado tudo ?
Lá fui eu instalar de novo o facebook e tentar entrar. Mas já não dava mais. Não consegui entrar no celular também.
Minha última tentativa e esperança era de que eu tentasse de outra forma recuperar minha conta mandando foto de um documento para me relogar nas contas. Isso demora 2 dias, mas ok. Passado dois dias, meu documento foi recusado.
Eu só queria diminuir meu acesso e sem querer ele foi de todo bloqueado.
To perdendo muita coisa ? Não tô.
Dá vontade de voltar ? Dá.
Tô tentando de novo ? Tô.
Mas se não der também foda-se. Dá pra viver normalmente sem nada disso.
O que não dá é viver sem escrever e por enquanto você me acha por aqui e pode falar sempre comi no e-mail (contatomcdeleve@gmail.com).
Mais um vez minha voz chegou a mais pessoas na rede X.
Claro que sem polêmica isso jamais aconteceria, né mesmo.
Mas enfim, aconteceu de novo.
Não como da primeira vez, mas aconteceu.
Na primeira vez foi com minha resposta-crítica ao Igão e a seu single-nome-de-carro que eu já não lembro o nome assim como ninguém mais lembra da música.
Ontem foi a vez d'eu comentar sobre a nova música do Kendrick LAmar que efui ouvir e pqp, de cara eu reconheci o sample que foi o mesmo que usamos na música "Esse Planeta" de 2005, no disco "Piratão" mas ele usou de uma maneira bem mais suave, lenta que ficou muito interessante.
Não perdi tempo e fui lá escrever no X que era bem sintomático que um assunto bem em voga no rap atual - a diss entre Kendrick, J. Cole e Drake - ninguém tivesse comentado sobre o sample - na cara - da diss que todos estavam esperando, a do Lamar.
A música do Kendrick tem 3 beats diferentes mas abre com esse beat que tem esse sample especificamente. A música em si não é das melhores dele, mas até aí tudo bem, meu comentário nem foi nesse sentido, mas foi no sentido de que é sintomático que no momento atual que o rap tem maior visibilidade, público e mídias dedicadas ao gênero ninguém comente - nem público, nem veículos - sobre essa feliz coincidência que foi o uso do mesmo sample, um sample foda, por um cara tão querido, famoso e brabo como Kendrick.
Meu comentário foi o gatilho pra que alguns jornalistas e escritores desses veículos de rap marketing-fofoca se sentissem mordidos e viessem comentar que ninguém é obrigado a saber "todos os samples, letras e beats do rap".
Curioso.
Se tem alguma coisa que minha geração adorava fazer (mesmo tendo muito menos recurso à época) era exatamente saber quem fez o beat, qual sample era, quem produziu, escreveu e tudo relacionado à música. Isso faz (ou pelo menos fazia) parte do que é (ou era) gostar e fazer parte da cultura rap.
Mas parece que isso é totalmente desimportante para a atual geração não só de ouvintes - o que seria compreensível - mas também para os jornalistas e escritores que dizem viver e ganham dinheiro escrevendo sobre essa cultura.
Eu esperaria isso do público. O público hoje é bem mais massificado, muito menos interessado na cultura, isso é fato. Como disse o jornalista "às vezes o ouvinte só quer ouvir rap sem se preocupar com o sample...".
Uma pena, mas ele não está errado nesse ponto. Mas o desinteresse só aumenta quando escritores como ele que escrevem para veículos populares dedicados ao rap reforçam esse ponto e normalizam algo que ele deveria incentivar contrariamente, e quando esses veículos estão muito mais preocupados nas pequenas fofocas do rap em vez da parte mais interessante, mais artística da nossa tão amada cultura.
É engraçado que o mesmo desinteresse pelo sample, letra e beat se dissipam quando é pra falar da última namorada de rapper X, das DMs trocadas com as minas pelo rapper Z ou da tênis lançado pelo rapper Y, que eles sabem de cór e publicam dia sim outro também.
Estamos diante da geração que mais ouve rap e, parece, da que menos conhece - e tem interesse - sobre o rap.
Quem poderia escrever e buscar dar uma profundidade maior dentro desse público também está desinteressada nisso é que percebemos que o poço só tende a ficar mais fundo e que nada é por acaso, é um projeto coordenado de desinteresse pela nossa cultura e feito para vender produto.
Eu experimentei esse desinteresse quando no primeiro tweet hitado e retuitado pelo Igão (7 MI de views) em que eu fui literalmente apagado do contexto ao não ser citado - claro que intencionalmente - com meu arroba pelo site RAPDAB que depois de ter tomado uma chamada de minha parte ficou chateadinho, reclamou comigo no privado e depois de dias - e de ninguém mais ter interesse no post - colocou meu arroba na "matéria" em que tinha relação direta comigo.
Ainda assim eu acredito no jovem.
Ainda assim eu acho que essa geração não deve ser generalizada e acho que a próxima geração virá mais interessada no melhor dos aspectos da nossa cultura e dará valor real ao que outrora foi valorizado por nós não porque éramos melhor ou mais sábios, mas porque esses aspectos de "beats, letras e samples" são parte intrínseca do que é valorizar, entender e curtir o rap em sua totalidade. Se não fosse assim, sites populares como o whosampled.com e o genius.com (anteriormente conhecido rapgenius.com) não teriam feito o sucesso que fizeram e fazem. Fizeram (e fazem) sucesso pq as pessoas envolvidas na cultura têm interesse em saber o porque das letras, as citações, as tiradas por trás do que foi escrito, o sentido e, claro, os samples.
Isso não é um conhecimento menor. Isso é um dos pontos centrais de curtir e entender e debater o rap, aspecto que, aliás é muito bem feito na "América", onde temos diversos podcasts e canais de youtube debatendo isso.
Minha dúvida real é: se você não está interessando na letra, no beat, nas citações, nas inspirações, no sample, nos beats, na história, no que foi ontem pra chegar até aqui no hoje, o que faz você ter interesse no rap então?
Me peguei comentando tweet do artista que AkaRasta, que eu curto bastante e acho que faz trabalho interessante, quando ele reclamou em cima de outro tweet do Luquinhas (@BestDoAbel) que dizia: "agora um mico: pagar 20 reais só pra escutar música", no que Rasta comentou por cima "Sim, a gente gasta 15k+ num single pra você ouvir de graça pq a gente vive de boas energia seu filho da puta".
Sim, é verdade. A geração Spotify acha mesmo que a música é grátis. Eles nasceram nesse ambiente. Eles não sabem que antes se pagava para ouvir e consumir o produto musical. Não têm a mínima noção do que seja isso e, pelo visto, se recusam e acham "um mico" alguém fazê-lo.
Do ponto de vista do músico, no caso de Rasta, ele, apesar de ser jovem, está do outro lado do negócio e sabe que a conta não fecha. Se para ouvir música isso não custa nada pro ouvinte, do lado do criador do produto isso tem um custo, e muitas vezes alto. Não só o custo criativo - que deve ser recompensado - como o custo de horas de estúdio, possivelmente um clipe e marketing para que essa música chegue até os ouvidos do público que se ambiciona.
Eu comentei que "só não cobra quem não quer - ou não pode. Kanye, Pharrell e cia já mostraram que é possível vender e estar fora das plataformas". É claro que estando no twitter eu não esperava que fosse ser recebido com flores ou com argumentos plausíveis naquele ambiente fadado ao conflito eterno. E é claro também que não esperaria um entendimento do jovem que já não entende que a música não deveria ser grátis pq foi mal educado pelo Spotify.
Disseram que eu fiz "uma bela comparação" e que eu "estava me passando" mas eu fui honesto com o público que estaria ali lendo o Rasta. Se eu fosse comentar os outros 200 artistas que eles não conhecem nenhum deles iam entender minha comparação e exemplo e se ao comparar artistas famosos já comentaram isso, imagino o que fariam se não fossem esses. Outro tweet dizia que no meu exemplo "os artistas são gigantes e conhecidos no mundo todo... já caras como aka rasta não dá pra contar com isso". Sério mesmo?
Confesso que esse comentário foi o que me fez ficar mas chateado. Primeiro pq AkaRasta não é nenhum desconhecido, tem bons números nas redes e boas músicas e segundo pq se o seu público acha que "um artista como ele" não dá pra contar com isso, isso diz mais sobre o público do que sobre o artista. Como que alguém que segue o artista e comenta seus tweets ainda assim pensa que o artista que ele admira não tem condição de cobrar pela seu trabalho? Ele diminuiu o artista que ele "ama" e parece nem ter se dado conta disso. Achei realmente um absurdo.
Em tese, AkaRasta tem total condição de cobrar pelo seu produto. Com clipes acumulando 5 milhoes de views e com seu ultimo lançamento beirando 500k, como que não tem quem compre seu produto musical? Era pra ter. Se não tem, repito, a culpa é do público que foi acostumado pelas plataformas - nao pelos músicos - a entender de que a música é grátis, como se ela não custasse para ser feita e foi isso que Rasta tentou fazer mas não foi muito bem entendido pelo povo que acha que música é vento: gratuito e 'feito por Deus'.
Não é bem assim. Tanto não é que AkaRasta tentou reclamar contando que seu público fosse entendê-lo e - quem sabe - pagar pelas suas músicas, mas esse público 30- não está nem um pouco disposto a pagar porisso. Ele paga uma entrada de festival, lá dentro paga 15 em cada cerveja quente, ele paga um only fans, ele paga um netflix, amazon prime, ele paga um picolé, mas música? Não isso não. Música, dizem eles, é mico. Música é grátis.
Como eu disse na minha frase incompreendida pelo jovem, "só não cobra quem não quer - ou não pode" o que parece ser o caso de Rasta que acaba não podendo cobrar pelas suas crições pq tem um público tão safado, mas tão safado que não o valoriza a ponto dele não poder cobrar, pq caso o faça, vai ser totalmente incompreendido pelo mesmo que acha uma ofensa pagar pelas suas criações.
É foda ver como a indústria fodeu e normalizou que não valemos nada!
É foda fazer música pra um público tão lixo.